Sunday, February 15, 2009

O POETA E A TEMPESTADE


Encanta-se com essa tenra nostalgia
Das noites quentes de verão, a inspiração o contagia
Em versos intuitivos em linha resplandecente
Lubrificam os olhos do poeta novamente
Na espera da hora exata de se expressar
A chuva cai de forma impiedosa
Deixando a penumbra nas ruas a acalentar
Provando ao mundo sua existência poderosa
Trovões e relâmpagos mostram sua destreza
Sua voz estremece a quem está à mesa
Afogam as paixões submersas no medo
Desilusões de outrora e segredo
A chuva sufoca o desespero e transborda
A apreensão de quem ontem desejou
O granizo corta o silêncio e aborda
As lembranças daquele que nunca sonhou
Pessoas andam perdidas em si mesmas
No silêncio tudo fica mais claro
Na mente não há mudanças, as sensações são as mesmas
Mas a alma encharcada suplica reparo
Pensa na vida como um todo
Tendo à frente somente uma vela
Nas palavras, um certo tempero de lodo
Iluminado pela luz amarela
A chuva insiste, continua sua proeza
Não pára e despeja suas lágrimas sem cessar
Em seu quarto, ainda tem a vela acesa
E no coração muitas coisas a questionar
Tudo o que move a beleza das letras
O silêncio da noite fria entristece
A idéia, escrita à sombra da vela penetra
Na mente que clama quando escurece
A chuva cessa tímida e sem pressa
O breu transmite a inquietação no olhar
O poeta sem direção expressa
No semblante seu medo peculiar
No chão ficou a marca de sua ira
Molhado e liso, a noite mais fria
Mas nas palavras do poeta, pudera
Lavada ficou sua alegria.

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